sexta-feira, 24 de junho de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (XII) - José dos Reis Bravo no Esquadrão de Cavalaria de Moçambique

Entre os muitos amigos que José dos Reis Bravo fez, e com o risco de ser injusto com o eventual esquecimento de alguns, justifica-se salientar José Miguel Morgado (posteriormente reitor do Liceu Gago Coutinho e Presidente da Câmara de Nampula), Arnaldo Constantino (mais tarde notabilizado pelo desempenho no desporto automóvel), Edmundo Ramalho, José Joaquim Caldas Duque (mais tarde médico veterinário pioneiro da inseminação artificial de gado em Moçambique), Hermínio Cruz (professor de Matemática de diversas gerações), Gaspar Dantas (filho do célebre Professor Dantas, dono do Colégio interno de Nampula), Edmundo e Alcides Seabra, Didier Mimoso Lopes (director mecânico da firma João Ferreira dos Santos), Fernando Teixeira, Armindo Saraiva e Gonçalves Dias da Silva. Ilha de Moçambique em 1952 José dos Reis Bravo com amigo

José dos Reis Bravo com amigo


Mas teve também, como amigas, entre outras, Beatriz Tomé Monteiro e Luísa Cruz (esposa de Marcelino Cruz, ambos futuros contabilistas da sociedade com o tio Domingos), as quais trabalharam no Entreposto, bem como Ninela e Anita Quadros (que trabalhou na Zuid).

José dos Reis Bravo, com amiga



José dos Reis Bravo ao volante (à direita) de um veículo. Na parede, pode ver-se, ampliando, um cartaz de propaganda política ao regime do Estado Novo.

O tempo de alistamento no serviço militar chegara, e José dos Reis Bravo é incorporado no Esquadrão de Cavalaria de Moçambique no ano de 1953. Embarcou na Ilha de Moçambique, no paquete Moçambique, para Lourenço Marques, em ocasião em que a instrução era ministrada em Boane, para, depois desse período inicial, passar para o aquartelamento na capital. O paquete Moçambique, que transportou José dos Reis Bravo da Ilha de Moçambique para Lourenço Marques, quando foi incorporado no serviço militar


José dos Reis Bravo (ao centro) com grupo de amigos, na viagem da Ilha de Moçambique para Lourenço Marques

Aspecto de formação do Esquadrão de Cavalaria de Moçambique


Foi um tempo de grande camaradagem, em que, a par das actividades estritamente militares – que cumpriu como cabo –, e de treino de cavalaria, continuou a praticar diversas modalidades desportivas. Aspecto do Esquadrão de Cavalaria de Moçambique

Adaptou-se com agrado à exigente e disciplina da vida militar na arma de cavalaria, ficando para sempre ligado à prática da equitação (vindo a ser membro do Clube de Equitação de Nampula) e com grande gosto por cavalos, que trasmitiu aos filhos.





José dos Reis Bravo, montando um cavalo do ECM




A rotina do dia-a-dia da vida militar - em que avultavam os exercícios nas denominadas «barreiras» (taludes de forte inclinação sobre a baía) - era também compensada com alguma diversão, na qual se compreendem alguns namoros, na Lourenço Marques dessa época, uma cidade em formação, marcada por estigmas coloniais, certamente, mas já cosmopolita, multicultural e moderna.

domingo, 19 de junho de 2011

Série Askari (14)

Askari do Império Colonial Alemão da África Oriental.

sábado, 18 de junho de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (XI) - José dos Reis Bravo no Entreposto Comercial de Moçambique

A manutenção de José dos Reis Bravo na gerência do Café Nacional (do Hotel Raposo) foi bem sucedida. Contudo, o contraste entre formas mais modernas de encarar a gestão do estabelecimento e de pessoal com visões mais conservadoras, gerou alguns atritos e equívocos. Essas vicissitudes levaram José dos Reis Bravo a procurar uma actividade mais autónoma e descomprometida relativamente à família e ao tio Domingos dos Reis.
É admitido a trabalhar no Entreposto Comercial de Moçambique, grupo económico em fase de plena expansão. José dos Reis Bravo (no escritório do Entreposto)



José dos Reis Bravo passa a ser colaborador do Entreposto Comercial de Moçambique (ECOMO), como escriturário, na sucursal de Nampula em 1951. Os gerentes da sucursal eram o ex-administrador João Quadros - tio dos irmãos Quadros, Rui (caçador profissional), Maria João (cantora) e Nuno (actualmente proprietário do Bar referência de Maputo, Kampfumo) - e o Senhor José Deodoro da Cruz, pai de Hermínio Cruz, que foi conhecido e reputado professor de Matemática em Nampula.


O grupo empresarial Entreposto foi fundado em 1926 com a constituição da Sociedade Agrícola do Sena, Ld.ª, depois transformada na Companhia Nacional Algodoeira, SARL. Só em 1943 o Grupo Entreposto aparece como grupo financeiro, envolvendo um conjunto crescente de empresas visando objectivos específicos, subordinadas a políticas empresariais comuns. Em 1943 é reestruturada a Companhia Nacional Algodoeira, incorporando a actividade desenvolvida pela Companhia de Moçambique; em 1946 é constituída a Moçambique Industrial, para o fabrico de óleos alimentares e sabões; em 1947 é criado o Entreposto Comercial de Moçambique, que passará a representar as marcas Mercedes-Benz, Peugeot e Massey -Ferguson; só em 1955 é criada a Companhia Industrial do Monapo, para produção de óleos alimentares e sabões; em 1964, seriam agrupadas na Moçambique Florestal as actividades madeireiras até aí cometidas à Companhia de Moçambique e pelo Entreposto Comercial de Moçambique. Ao grupo esteve sempre ligada a família Dias da Cunha, como administradores. Sede do Sporting Clube de Nampula (em dia de festa) José dos Reis Bravo Sede do Sporting Clube de Nampula (em contrução)


José dos Reis Bravo continua a desenvolver intensa actividade desportiva, em várias modalidades, sempre fiel ao Sporting, nas quais estabelece amizades duradouras. Chegou a jogar pelo Clube Niassa e a integrar a equipa de Basquetebol do Entreposto.Equipa de basquetebol do Entreposto Comercial de Moçambique (José dos Reis Bravo à direita, na linha de baixo)


José dos Reis Bravo permanece a trabalhar no Entreposto até 1953, ano em que é incorporado no serviço militar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Série Askari (13)




Askari músico do Império colonial alemão.

domingo, 12 de junho de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (X) - José dos Reis Bravo no Café Nacional (do Hotel Raposo)

A década de 50 do séc. XX adivinhava-se promissora, em termos de desenvolvimento dos territórios do Norte de Moçambique, o que motivou o incremento da vila de Nampula, assumindo já então o estatuto de «capital do Norte».
Hotel Raposo (em 1950, na esquina do mesmo quarteirão do edifício da original firma João dos Reis)

O edifício do ex-Hotel Raposo, na actualidade (foto de Paulo Pires Teixeira)


A família de Domingos dos Reis estava ligada, como atrás se disse, à família Raposo. Domingos dos Reis era casado com Haidée Lopo, filha de Alice Lopo, esposa do Senhor Raposo, reputado empresário hoteleiro, que geria os hotéis «Raposo» da Ilha de Moçambique – que ficava onde actualmente funciona a Escola Secundária –, do Lumbo – que funcionava como “desdobramento” das necessidades daquele, para as pessoas que prosseguiam viagem para o interior – e de Nampula.
O casal Domingos dos Reis e Haidée Lopo (à esquerda), com os tios de Domingos, Senhor Artur Martins Carrondo, Director da Fazenda de Porto Amélia e de Nampula, e esposa, com o serviçal «Pequenino», filho do empregado «28», do Clube Niassa.

O senhor Raposo tinha outro filho, Homero Raposo, então estudante na África do Sul, antes de casar e de optar por uma vida mais autónoma e aventurosa em Mandimba e na margem do Lago Niassa, onde, com a esposa Alda, passou a gerir pequenas empresas de pesca artesanal, de retalho, de compra e venda de produtos agrícolas e de fotografia. A filha do casal Domingos dos Reis, Natália (à esquerda) com Maria Helena Morgado (irmã do Dr. José Miguel Morgado, que veio a ser reitor do Liceu Gago Coutinho)



Os hotéis Raposo eram referências de qualidade de alojamento, numa época colonial de escassez de oferta hoteleira, em que os empregados envergavam, invariavelmente, os trajes de inspiração swahíli, com seus barretes grenat, com serviço impecável a muitos hóspedes que pisavam pela primeira vez terras de África.

É neste contexto, que, em dado momento, em finais de 1950 se torna necessário substituir o gerente do Bar e Café do Hotel Raposo de Nampula, pelo que o lugar é oferecido a José dos Reis Bravo, que o aceita, passando a gerir o mesmo sob a designação de «Café Nacional», agora no edifício do Hotel Raposo, em Nampula (uma vez que o anterior Café Nacional se havia extinto, com o arrendamento do edifício à firma Zuid). José dos Reis Bravo, após ter iniciado as funções de gerência do Café Nacional (do Hotel Raposo de Nampula)
José dos Reis Bravo em frente ao Hotel Raposo, em Nampula
José dos Reis Bravo e colegas



O Café Nacional passou, então, a ser local de encontro emblemático de Nampula, em que confraternizavam funcionários dos CFM, bancários, militares, administrativos, agricultores («machambeiros»), empresários, empregados comerciais, entre outros, sendo uma das diversões preferenciais o jogo de dados mediante apostas, em que se apostava uma garrafa de cerveja (depois de no anterior Café Nacional de apostar uma caixa de cerveja). A família Raposo (vendo-se Homero Raposo, à esquerda, e a mãe deste e de Haidée Lopo, D. Alice Lopo Duque Raposo, à direita) com amigos, entre os quais se vê o Eng.º Melo Duque, dos CFM, na varanda no Hotel.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Série Askari (12)

Cena de batalha africana protagonizada por askaris do exército imperial alemão da África Oriental.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Série Askari (11)

Askari do Império alemão da África Oriental.

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (IX) - o sobrinho José dos Reis Bravo e o tio Domingos dos Reis

As necessidades das populações nativa e colonial de Nampula, não cessavam de aumentar, quer em quantidade, quer em qualidade. Tornou-se um mercado em que era preciso diversificar a oferta, e foi em finais da década de 40 e na de 50 do séc. XX que muitas firmas já estabelecidas na localidade, desde as grandes companhias de chá e de algodão (CAM) e tabaco (VELOSA e SUT), a empresas de carpintaria, de maquinaria diversa (Entreposto e João Ferreira dos Santos), entre outras, conheceram grande expansão.
A região de Nampula era uma zona agrícola de excelência para certas culturas indígenas, como o algodão (o fundo do emblema da cidade é composto de folículos de algodão), o tabaco e o caju. Brasão de Nampula

Os primeiros tempos de José dos Reis Bravo, apesar do apoio dos tios, não foram de facilidades. Para além do esforçado trabalho, empreendeu estudos de comércio e de contabilidade, de forma a possibilitar-lhe um melhor enquadramento da actividade comercial em que estava empenhado. Café Nacional Nota de 5$00 (de 1941)




José dos Reis Bravo fica instalado, como se disse antes, na casa dos tios, ao lado do então Café Nacional, que funcionava no edifício que viria a ser da Zuid Afrikaansch Handelshuis. Ali se dedica com interesse às actividades desenvolvidas nesse estabelecimento, que, como já dissemos, eram predominantemente de hotelaria, modas e vestuário, comércio geral, lotarias, valores selados e brindes.
José dos Reis Bravo, trabalhando no escritório do Café Nacional


Equipa do Sporting Clube de Nampula (José dos Reis Bravo é o 1.º da esq.ª, na linha de baixo)

Nesse período estabelece variados contactos, adapta-se a um novo modo de vida, em que assume preponderância a prática do desporto, em várias modalidades, actividade que era excelente veículo para contactos sociais e estabelecimento de afinidades e amizades.


Equipa do SCN (José R. Bravo é o primeiro da esq.ª em baixo)

José dos Reis Bravo


Até 1950, o estabelecimento Café Nacional, de Domingos dos Reis, manteve-se no mesmo edifício, até este ser alugado à firma Zuid, de comércio de ferramentas e electrodomésticos e agência de viagens, a qual assumiu o seu arrendamento até 1975.
Quando a família se mudou para a então Av. Neutel de Abreu (actual Av. 25 de Setembro), lá prosseguiu a exploração dos mesmos ramos de actividade.
Casa de Domingos dos Reis, para onde se mudou o estabelecimento em 1950, na então Av. Neutel de Abreu (actual 25 de Setembro).